quinta-feira, 20 de novembro de 2008


Meu porto

Deixa que eu pouse
Em seus ombros
Pois sou andorinha
Perdida do bando

Deixa que eu navegue
Em teus mares
Pois sou fragata
Sem capitão

Deixa que o tempo passe
E que eu fique assim...
-ao teu lado-
Sussurre em meus ouvidos
Palavras jamais destiladas

Deixa que eu sonhe
Os seus sonhos
Deixa que me ancore
Em seu porto.

Canta-me a musica dos deuses
ou
A valsa dos amores.

Deixa que eu dance
Em seus campos
Feito folha solta
Que baila
Levada pelo vento.

Serei para ti
Bailarina.

Que quão bela dançarei
A valsa do cisne branco
E a valsa do cisne negro
Dar-te-ei morada
Em meu coração

Onde habitas há muito e não sabes...

Lili Ribeiro






quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Ao cair da tarde


Segredos

Ao cair da tarde
vem às tristezas e saudades.
Lembro-me dos dias felizes.
Iguais aqueles
Só mesmo em meus pensamentos tive.

Belas manhãs de outono
-tivemos-

Caminhos percorridos por intensa magia.
Um sonho
uma dor
e o amor
nascendo entre nós dois.

Os pequenos seres daquele lago
Agitavam-se.
Parecia fazer fita só pra nós.

E na cachoeira
água fresca descia daquela mata.
Refrescava os nossos corpos
com gotas que trazidas pelo vento
se faziam em brisas e notas soltas pelo ar.

No sussurrar das águas
musicalidade ímpar a nos encantar.

Tremores nas mãos
tropeços nos pés.
E no entrelaçar das nossas línguas
-beijos que ardiam-

deixavam nossos corpos
implorando um ao outro.
Desejo pleno
e mãos que passeavam por todo meu corpo
sem pedir licença.

Por testemunhas
O silencio
e o um sutil raio de sol
que atravessava as ramagens
e os fortes galhos
das grandes árvores.
A nos sondar.

Lili Ribeiro



Namorada do Vento

Sou eu a menina que andava descalça nas ruas calçadas daquela cidade. Foi a mim, que você esbofeteou quando me deu doces em troca de carinhos e os versos que não ouvi de ninguém choram sozinhos na beira da estrada esperando que eu os ouça. Jamais minhas lágrimas secaram, pois ainda lembro das tuas mãos acenando-me, ora chamando, ora dizendo:- vai! E eu sempre ia. Nunca sabia para onde ir, mas sempre chegava a algum lugar. Sempre um lugar que não gostaria de estar. Travo uma guerra a cada dia dentro de mim, e assim vou rompendo as barreiras que tu fincaste em meus caminhos. Pobre menina sem teto, sem chão. No cais a vida, que sem vida, morria!
Sou por sorte andarilho namorada dos ventos. Nos meus caminhos ainda encontro troncos e sinto o vento, gemendo. Meu fiel companheiro ainda, de há muitos tempos. Lembrança de muitas horas que me vi semeando sonhos, mesmo quando não os tinha, pois eles brotavam de dentro do meu âmago sofrido. Hoje ainda sou menina e namoro em cada esquina, o vento, pois este o tempo não me toma e não me leva nem me foge a cama.
Sou eu hoje ainda, a menina descalça que anda nas ruas calçadas daquela cidade. Onde você passa me acena e me deixa alguns trocados, sangrando!


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Lili Ribeiro

04/06/08