segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Janelas do Tempo

JANELAS DO TEMPO

Quando jovem, sonhei com um futuro bom.
E corri tanto para realizar meus sonhos!
Chorei, desejei, xinguei, busquei tanta coisa;
Atirei pedras e muitas delas colhi.
Cavei a vida com as mãos
Os buracos ainda estão lá
Colhi flores, sem querer guardei os espinhos.
Porque as pétalas murcharam cedo demais
Hoje, com o passar do tempo, sinto que já
Não tenho tanto tempo. E o tempo me falta
Até para ver o tempo que se vai
Já não paro para olhar o céu
A lua que em todas as fases sempre me encantou
Eu já nem a noto mais
A que mais me chama a atenção é a lua cheia
Como é linda e misteriosa!
Lembro-me que muitas vezes me perguntei
Pelas histórias que ela presenciou
Quantas verdades e mentiras ela silenciou
Durante algum tempo ao amanhecer e ver
As folhas orvalhadas eu dizia: “Hoje a lua chorou!”.
De quem será a história que mais uma vez ela ocultou?
Sempre que posso tento perguntar para as estrelas se elas
Também sabem os segredos que a lua guardou.
Hoje penso no tempo que se foi com saudade
Quantos abraços!
Quantos amigos que jamais abraçarei novamente
Tantas marcas de feridas,
Cicatrizes que não somem feito tatuagem enrustida,
Tatuagem curtida, na pele seca envelhecida pelo tempo.
O tempo que passei olhando da janela,
Janela da alma.
Janelas entreabertas.
Janelas fechadas que por falta de tempo não abri
Às vezes fico a me perguntar o que teria por trás delas.
Um vasto jardim, Uma montanha de pedras, Não sei.
Mas gostaria de tê-las aberto. Gostaria de ter cruzado o jardim
Gostaria de ter escalado a montanha de pedra
Talvez encontrasse água fresca no final da escalada.
Janelas que não abri, jamais irei saber o que teria por trás delas.
O tempo a cada dia se faz menor
Não quero contar janelas, nem o tempo.
Mas se alguma janela ainda tiver para abrir, irei abri-la.
Para desvendar os segredos da minha vida, das nossas vidas!
Quero buscar o que tem do outro lado dela,
As alegrias dos meus amigos
Se for preciso ajudá-los a desvendar seus segredos
E abrirem suas próprias janelas.
Sejam elas de castelos, barracos ou senzalas, não importa.
Pois na minha vida tive todas elas
Não sei qual delas mais me assustou, se as dos castelos ou das senzalas.
Porém, sei que muitas ficaram fechadas e que o tempo não mais me permitirá abri-las.
Mas virão outras janelas e ainda não sei o que haverá do outro lado delas.
Janelas do passado, fechadas e abertas,
Janelas que vivi e deixei de viver.
Janelas do futuro que irei abri-las ou não
O tempo irá dizer.
Janelas dos segredos que irei ou não contar para a lua
Janelas entreabertas, as janelas da indecisão.
Janelas fechadas. Segredos ocultos ou medo?
Janelas abertas, janelas da vida que o tempo irá fechar ou não.

Lili Ribeiro

Um comentário:

Unknown disse...

SNIF!
(Já não paro para olhar o céu
A lua que em todas as fases sempre me encantou
Eu já nem a noto mais)

Amei!