segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Fuga

FUGA
Depois da chuva ,o sol desponta no horizonte.
A calmaria de uma tímida manhã
É interrompida por tiros ensurdecedores,
Disparados por alguns homens
De dentro de um carro,
Que passou em alta velocidade.
Pânico a seguir de fuga;
Encostando em um muro, ando as pressas
Tentando não ser vista.
De repente a calçada parece menor
Me sinto espremida pelos muros
Ando rápido sem olhar para trás;
A rua se fecha em túnel.
Parece não haver saída
Olhando para o alto tento ver o céu,
Mas que céu? Não há céu!
Vejo apenas uma cavidade escura
Coberta por um manto negro
E sem opção me envolvo neste manto
Tentado me esconder
Mas me esconder de que?
Nem os tiros ouço mais;
E como se mágica fosse
O manto negro se abre
E me vejo em meio a um fio de claridade
Num instante um pesadelo
Que em sonho se transforma
E parece real.
Uma nova terra surge
Uma densa floresta em meio á montanha,
Posso ver e sentir o cheiro da terra úmida
Pela chuva mansa que cai suavemente;
Levo meu olhar ao longe
Mas pouco posso ver
Pois as árvores
Começam a se esconder
Na bruma que se aproxima.
Ando nas trilhas encontradas
Que não me levam a lugar algum
E cansada me ponho a reclamar.
Depois de muito andar cheguei a uma casa
Que mais parecia ter saído
De um conto de fadas
Tão acolhedora e quente
Com móveis antigos e mesa de cristal
E ando por toda casa, procurando à saída
E ainda sem paciência
Continuo a reclamar.
Uma voz mansa me chama;
Parecendo fada de tão bonita a senhora
Com um gesto feito
Com indicador na frente da boca
Pede para eu me calar
Me oferece bolinhos de arroz
E caminha ao meu lado em silêncio.
Já não reclamo nem murmuro,
Apenas ouço o silêncio daquele lugar;
E cansada de procurar a saída
Eis que surge um senhor
De barba e cabelos brancos;
E mais calma posso admirar
O sorriso doce de um ancião,
Que calmamente estende a mão,
Anunciando à saída.
E logo vejo a minha frente
Uma porta frágil
Com vidraças limpas
Generosamente aberta.
A bruma continua
Mas já posso ver à saída
E num sonho perfumado
Subo a montanha;
Do alto,
Avisto o mar, a cidade ao longe,
Ainda sigo a trilha,
Agora coberta
Por pétalas de rosas vermelhas
Ainda não está bem claro
Não vejo o mar tão azul
Mas no horizonte já está brotando o sol
E logo um arco-íris começa a surgir.
Lili Ribeiro

Um comentário:

Vicente Freire disse...

Minha filhota, este trabalho me remete a uma visão altamente espiritualizada e dentro da filosofia que eu acredito, sei que você e cristã e resiste a algumas teses filosóficas, mas, se você observar vai ver que este trabalho foi escrito por você e quem sabe, com a ajuda do mundo invisível, este que nos acompanha e no qual estamos implícitos pelas correntes cármicas do resgate e da redenção; continue assim, de vasão nas letras ao que te vem ao coração, pois destas mãos ainda sairão muito mais, um super beijo calorento que te possa estimular a escrever muito mais, boa noite.